quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
quinta-feira, 17 de julho de 2014
Concepções filosóficas sobre educação.
1.Idealismo:
- Concepção
educacional:
A educação
deveria estimular, incitar, a capacidade racional dos alunos
,
na direção da busca de compreensão da realidade com base no
esclarecimento das idéias que temos sobre as coisas que nos cercam,
despertando as potencialidades do
educando
(ser finito com potencialidades infinitas).
A
reflexão intelectual deve ser priorizada sobre a observação
empírica, pois as idéias representariam as essências dos objetos
sensíveis.
Nessa
proposta, temos o professor como um modelo para o aluno,
que aprende seguindo os passos do mestre.
A educação
deve concentra-se em desenvolver
a capacidade racional humana,
virtude da alma (visto que para Platão o corpo é apenas receptáculo
da mesma), visando a formação
moral do homem (o que pode ser transplantado para a âmbito da
relação professor-aluno)
concretizada por meio de um Estado onde a justiça deve ser o pilar.
Mas, A boa educação não despreza em absoluto o corpo, busca a
perfeição tanto do corpo quanto
do espírito
(“mente sã em corpo saudável”).
O
conhecimento justifica-se por si mesmo, pois, é
cultivando a razão que se alcança a perfeição,
um ideal de humanidade. A educação visa levar o educando
a aproximar-se de uma harmonia com a ordem do Ser, busca das verdades
imutáveis, do bem, da beleza e da justiça. Isso se daria através
do debate, diálogo racional, apresentação e análise de argumentos
contrapostos. O chamado método dialético (tese, antítese, síntese)
combinado ao método dedutivo (do universal para o particular).
Essa
proposta seria muito positiva para a educação na atualidade, se
destacarmos seu potencial de incitar à reflexão nos alunos
por meio do diálogo, podendo assim, se combinada com outras
propostas mais “progressistas”(deixando de lado suas tendências
conservadoras), auxiliar no processo na expressão da autonomia dos
mesmos (os alunos)
frente ao processo de construção do conhecimento.
O aluno
,
ao exercitar (por meio do diálogo e contraposição de idéias e
argumentos) sua capacidade racional, chegaria cada vez mais próximo
ao conhecimento da exatidão sobre as coisas, ao mesmo tempo em que
aprenderia a respeitar a opinião do outro, sempre quando essa
estiver baseada na razão, já que, a razão é critério de verdade
para essa concepção.
-Fundamentação Filosófica.
Na teoria
idealista de Platão conhecer é relembrar. A filosofia seria “uma
escada para o mundo das idéias” (mundo inteligível onde a alma
humana um dia viveu , pois, também, é uma idéia), um processo de
reflexão racional direcionado ao esclarecimento de conceitos (as
idéias sobre as coisas que percebemos no mundo). Notamos em Platão
uma preocupação com a busca, por meio racional, da “verdade” e
da “beleza”. Podemos pressupor, com base nisso, que a educação
seria, nessa perspectiva, um
processo de desenvolvimento da razão como uma virtude,
baseado em um ideal de humanidade, o homem racional, o filósofo.
O conteúdo,
o conhecimento, está acima dos métodos para o alcançar, é algo
universal e atemporal, na visão de Agostinho (que reinterpretou o
platonismo sob a doutrina cristã) o conhecimento proveria da luz
divina e não dos homens.
A busca da verdade através da ênfase na
reflexão racional é fundamentada na idéia platônica sobre as
“duas dimensões do mundo”:
Mundo das
idéias: é
o mundo das essências das coisas, das idéias verdadeiras sobre as
coisas. A verdade está no mundo das idéias.
Mundo
sensível: é
o mundo dos sentidos (visão, tato, olfato, paladar, audição.),
onde percebemos, através dos sentidos, os objetos ao nosso redor e
nosso próprio corpo físico. Mas, esses objetos ou coisas, são
apenas reflexos das idéias que estão no mundo das idéias.
Se fossemos
seguir exatamente o que Platão falou em seus textos, teríamos uma
educação que em determinado momento (quando se identificasse
diferenças relevantes entre os educandos) seria voltada para cada
uma das três classes sociais que ele propunha, na perspectiva de uma
sociedade ideal (A República). Na classe dos governantes seria uma
educação voltada para o desenvolvimento da sabedoria, das artes, da
música e da ginástica, com objetivo de constituir homens refinados
e não brutalizados e de grandes virtudes. Já para os artesãos ou
trabalhadores uma educação voltada para a subserviência,
desenvolvimento da obediência. Enquanto à classe dos guerreiros
devia buscar o desenvolvimento da determinação, da coragem, do
sentido da defesa. Porém, a riqueza na sociedade, apesar dessa
diferenciação em classes, seria dividida de forma igualitária. Na
perspectiva de Platão, a educação teria a função de descobrir os
talentos de cada um, para que cada pessoa exercesse de forma plena
sua função, cabendo ao Estado promover a instrução dos futuros
cidadãos.
2. Realismo:
- Concepção
educacional:
A educação
visa desenvolver integralmente o
aluno
em seus aspectos, moral, físico e intelectual
(Aristóteles e T. de Aquino). E isso se daria através da ênfase na
experiência sensível, observação da realidade, onde o aluno
está inserido, e reflexão racional sobre essa realidade em busca de
compreensão exata das coisas. Estimular no aluno
a capacidade de identificar diferenças e semelhanças entre as
coisas para defini-las corretamente (Aristóteles chamava a isso de
conhecimento por analogia).
A escola deve
oferecer experiências e meios adequados para a formação
integral do educando,
de seu caráter e intelecto.
O papel da
educação é levar o educando
a desenvolver suas virtudes em busca do ideal da felicidade, justiça,
e plena expressão de sua capacidade racional,
levando em consideração sempre
sua relação para com a sociedade a qual pertence já que o homem é
um “animal social”.
- Fundamentação filosófica:
O
conhecimento deve partir da observação da realidade sensível,
empírica, pois, conhecimento verdadeiro está na adequação da
razão à realidade perceptível (os conceitos devem estar em
harmonia com a realidade observada). Aristóteles dizia que o
conhecimento se dava por meio da observação atenta e sistemática
das coisas ao nosso redor.
O saber
almejado pela filosofia é a compreensão da “totalidade e da ordem
existente do Ser”. A busca da definição exata sobre as coisas
passa pela comparação “analógica” entre os objetos que
percebemos em busca do conceito dos mesmos, o que seria o conteúdo
de sua essência real (substancia para Aristóteles) o que há de
universal nas coisas. Matéria e forma expressam a essência dos
objetos no mundo.
O homem é
animal social, em interdependência para com a sociedade onde vive
(polis - cidade estado), o
desenvolvimento de suas virtudes pela educação deve levar em
consideração então um sentido social na ação humana.
O homem é, também, animal
racional e essa é sua característica básica
(que se realiza na vida social), expressar essa qualidade, que é o
que o define enquanto humano, representa a ideal realização da
natureza humana.
3. Empirismo:
- Concepção
educacional:
Despertar o interesse no aluno
em buscar adquirir o conhecimento por meio da experiência empírica,
em contato com a realidade que o cerca, contrapondo reflexões
racionais a dados empíricos. A escola deve criar um ambiente
propício para o aprendizado, visto que o ambiente tem grande
importância nessa proposta, já que, é
o contato com as coisas o que vai despertar o intelecto do educando.
Seguindo
algumas sugestões do pensamento de Locke, é importante destacar o
papel de uma educação voltada não apenas para o exercício
intelectual, mas, também, para o aprimoramento das qualidades
físicas, uma atenção voltada ao corpo.
O professor
não deveria ser apenas um modelo e receptáculo do saber, mas, sim,
instigar nos alunos
o amor pela ciência e pelo conhecimento,
mostrando os meios e caminhos para que esses possam construir ou
buscar, por si mesmos, tal conhecimento.
O aluno
,
experimentando, na prática escolar, as teorias da ciência e
filosofia, poderia aprender o próprio processo de construção do
conhecimento ao testar empiricamente ou mantendo contato real com
esse conhecimento no cotidiano da escola, conhecimento esse que deve
ser adaptado para as condições do aluno,
ou seja, às condições que seu estado de desenvolvimento físico
natural permitem em determinada fase de sua vida (exemplo: o que uma
criança tem capacidade de aprender aos 5 anos é diferente do que um
adolescente pode aprender aos 15...)
O método
indutivo (muito falado por filósofos empiristas como Francis Bacon,
por exemplo) poderia ser muito útil para o
aluno
aprender como o conhecimento científico vai sendo construído.
Assim, fazendo pequenas experiências, de acordo com os conteúdos de
cada disciplina, o aluno
poderia, aos poucos, chegar a uma idéia mais geral sobre o que está
estudando (partindo do particular para o mais geral...) e relacionar
as disciplinas que estuda.
-Fundamentação filosófica:
Para os
empirista a razão tem como base, não idéias inatas, mas, sim dados
captados através dos sentidos em contato com o mundo empírico de
onde provém os conteúdos para a reflexão intelectual.
A mente
humana é como uma “tabula rasa” onde as impressões do mundo se
inscrevem. A mente assimila dados do mundo e depois trabalha, através
da reflexão racional, esses dados. Dessa forma teríamos “idéias
simples” (derivadas diretamente da experiência sensível ou de uma
experiência interior) e as idéias complexas (originadas de
combinações de idéias simples).
O empirista
Locke foi também um dos precursores do liberalismo político na
Inglaterra e por esse motivo defendia algumas idéias educacionais
onde a liberdade
do aluno, de buscar por si mesmo
adquirir conhecimento e desenvolver sua capacidade intelectual, era
levada em consideração.
Para os
empiristas (com destaque Francis Bacon) o método indutivo seria de
grande importância para a ciência.
4.Racionalismo:
- Concepção
educacional:
Ênfase na
razão como critério de verdade. A
educação deve estimular a reflexão racional no aluno
segundo critérios básicos para o desenvolvimento do pensamento
racional disciplinado.
A dúvida metódica é usada como auxílio na análise e
esclarecimento de idéias, buscando a exatidão do conhecimento.
Prioridade ao
método indutivo (do particular para idéias mais gerais)
possibilitando a construção
mais autônoma do conhecimento por parte do aluno,
seguindo métodos científicos planejados.
O educando
é
ser racional, dotado da capacidade de pensar por si, sendo essa uma
característica básica do ser humano (“eu
penso, logo existo”), para
tanto deve ser estimulado a
pensar. O aluno
pode ser instigado a pensar conceitos, em debates em sala de aula,
com o auxílio e coordenação do professor, questionando concepções
e visões de mundo tradicionais e o próprio conhecimento científico.
Ao
questionar as coisas o aluno
estará exercitando o pensar e aprendendo como se constroem as
verdades da ciência e filosofia, também, se daria conta de como
pensamos as coisas sob influência de muitas idéias que são inatas
de nossas mentes (segundo a visão de Descartes).
- Fundamentação filosófica:
Descartes
(1596-1650), se utilizando da dúvida metódica, realizou uma
reflexão direcionada para a compreensão da capacidade de
entendimento humano, buscando elaborar uma teoria do conhecimento. Em
sua teoria, chega a conclusão que a única coisa de que podemos ter
certeza absoluta é o eu em ato de pensar, “eu penso logo existo”,
e afirma ser a mente, ou esse eu que pensa (usa a razão) algo de
natureza distinta do corpo físico que seria apenas um receptáculo
para esse eu. O corpo físico obedeceria a leis mecânicas. A
mente-eu (sujeito do conhecimento) seria dotada de idéias inatas que
não teriam a necessidade de nenhum contato com o mundo sensível
para surgirem na consciência, por serem totalmente racionais (a
idéia do “eu penso logo existo”, por exemplo, o cogito
cartesiano).
A razão deve
buscar esclarecer evidências testadas por via disciplinada, através
da dúvida metódica, buscando idéias claras e precisas. Assim se
realiza o conhecimento.
5. Marxismo:
- Concepção
educacional:
Educação
tem como papel despertar uma
consciência crítica no aluno
diante da realidade social da qual é parte.
Libertar o educando
da pressão ideológica, forte na cultura, e que é produto de
interesses de classe.
Desenvolvendo suas potencialidades racionais,
de forma crítica, o educando
passa a compreender melhor qual seu papel na sociedade e o que move
essa mesma sociedade, podendo assim imaginar outras possibilidades
para sua ação no mundo, além das que estão dadas pelo sistema
capitalista.
Abordar temas
sociais e políticos, debater questões do cotidiano dos alunos,
levantar temas polêmicos que envolvem a explícita desigualdade
social, pobreza e exploração do trabalho, problematizar a cultura,
seriam meios interessantes para a realização dessa proposta.
Ao pensar sua
realidade social, o educando
poderá se dar conta das relações entre as classes sociais e como a
visão de mundo predominante na classe a qual pertence pode
influenciar seu comportamento (mesmo que, muitas vezes, não
perceba), olhando para suas próprias condições sociais estará
compreendendo melhor a si mesmo e a sociedade onde está inserido e
poderá entender como as relações no mundo do trabalho e produção
de mercadorias podem determinar a forma como as pessoas encaram o
mundo e a si mesmas. Verá como a “realidade” é forjada pelas
formas como os homens manipulam os recursos naturais e como dividem
as riquezas.
Ao analisar
em sala de aula conteúdos da programação de canais de televisão,
jornais, revistas, o educando,
com auxílio do professor, poderá identificar como esses meios de
comunicação servem para manter o capitalismo funcionando e escondem
, muitas vezes, a verdade.
- Fundamentação filosófica:
Karl Marx
dizia que a história das sociedades humanas era regida por uma
constante luta entre classes sociais em um movimento dialético
(tese-antítese-síntese), sendo que hoje estaríamos vivendo a época
onde o modo de produção capitalista vigora. No capitalismo há duas
classes em luta, a burguesia ( que controla o mercado e o Estado) e o
proletariado (os operários que trabalham nas fábricas da
burguesia). Os operários são a maioria e geram a riqueza da
sociedade, porém não podem usufruir dessa riqueza, pois, trabalham
para o lucro dos patrões da classe burguesa.
O Estado,
política, meios de comunicação, escolas, são controlados pela
burguesia que espalha uma ideologia útil ao sistema e que mantém a
população de trabalhadores sob controle. Para sair desse estado de
“alienação” o trabalhador precisa se organizar em movimentos
sociais ou em um partido revolucionário para tentar transformar a
realidade social de opressão, em que vive. E isso só é possível
no momento em que se dá conta de suas reais condições de
existência no mundo capitalista, esse processo de tomada de
consciência poderia ser realizado por uma educação “libertária”
que então abriria espaço para a transformação da sociedade para o
desejado socialismo e depois para o comunismo, onde não haveria mais
exploração de uma classe sobre outra.
A relação
do homem para com a matéria gera formas de organização social,
que, por sua vez, darão origem às idéias e concepções de mundo.
6. Pragmatismo:
- Concepção
educacional:
Uma educação voltada para todos, de forma
pública, laica e gratuita.
Tem como eixo
norteador a vida-experiência e aprendizagem, sendo a escola um meio
de propiciar uma reconstrução permanente da experiência e da
aprendizagem como parte inata da vida do aluno.
A capacidade racional só se manifesta quando estimulada e
experimentada pelo aluno,
quando passa a ser algo relevante
em sua vida.
O conhecimento só faz sentido se for
incorporado a história de vida do educando,
não como algo forçado ou artificial , mas, como algo que se soma a
seu projeto de vida e aspirações. Cabe a escola aproximar o saber
científico dos anseios do educando,
pois, o aluno,
deve ser o centro do processo educacional.
Os conteúdos ministrados em aula devem fazer
sentido na vida diária do aluno,
e não podem ser algo muito distante de sua realidade, já que dessa
forma não teriam significado prático para o educando,
as aulas devem ser mais práticas possíveis dentro de uma proposta
de construção do conhecimento
através da experimentação intelectual.
A educação deve levantar saberes que possam
também ter uma utilidade social não apenas individual.
- Fundamentação filosófica:
Segundo John
Dewey (norte americano que influenciou a elite brasileira com o
movimento da Escola Nova) a educação é uma necessidade social. O
conhecimento tem uma utilidade prática social nessa perspectiva.
Os
pragmatistas afirmavam ser a realidade algo em constante
transformação, não haveria uma verdade imutável e eterna, dessa
forma o conhecimento se faz na experiência cotidiana, no exercício
constante do intelecto resolvendo problemas práticos. A verdade é
aquilo que funciona, que pode ser testado e prova ter significado
real e utilidade na vida social.
7.Positivismo:
- Concepção
educacional:
Educação
baseada na experimentação fundamentada em métodos típicos das
ciências naturais e exatas, com ênfase no aprender fazendo, pois, é
na prática que o educando
adquirirá conhecimento, seguindo métodos apropriados, porém, sem
muito espaço para a espontaneidade do
aluno.
A ciência
calcada em bases matemáticas, passíveis de quantificação e
amostragem, é um modelo ideal para todo conhecimento e deve ser guia
para a organização racional da sociedade. O
educando
deve tornar-se apto a assimilar o conhecimento acumulado e produzido
pelas ciências, de forma precisa, conhecimento esse que reflete o
progresso dos esforços humanos no campo científico.
O aluno
deve ser educado para conviver em harmonia em uma sociedade pautada
pelos valores científicos e pela virtude racional.
- Fundamentação filosófica:
Auguste
Conte pregava uma transformação racional da sociedade baseada em
pressupostos da ciência (modelo das ciências naturais e exatas),
onde a humanidade fosse libertada das amarras dos preconceitos
religiosos da tradição e pudesse usufruir das conquistas da ciência
em seu progresso contínuo. Para ajudar nessa tarefa Conte criou uma
nova ciência, a Sociologia. O positivismo tinha como pilar teórico
a afirmação de que a realidade era material, natural, e cognoscível
pelos métodos empíricos da ciência, podendo ser moldada para o bem
e elevação da humanidade.
A educação
aos moldes do positivismo teve a contribuição da psicologia
comportamentalista, gerando um tipo de pedagogia tecnicista.
8)Existencialismo:
-Concepção
educacional:
Possibilitar ao aluno
refletir sobre suas próprias condições de existência e construir
sua identidade de forma livre, autônoma.
A liberdade é
pilar fundamental dessa proposta, base para a compreensão do sentido
de responsabilidade moral do
educando.
Não há uma
base formal dogmática para a educação, o
conhecimento é construído pelo aluno,
ao pensar a si e ao mundo, e apenas instigado pelo professor.
O aluno
deve aprender, ao entrar em contato com outras visões de mundo e
culturas, como é possível ao ser humano criar formas diferenciadas
de agir e compreender a existência. Se não existe uma essência
humana imutável, é preciso aprender a respeitar as diferenças.
A autonomia
do educando
é um objetivo importante dessa concepção, pois, a liberdade é o
que caracterizaria a ação humana no mundo e toda vez em que agimos
estamos fazendo escolhas, mesmo quando não percebemos isso.
Possibilitar ao aluno
um ambiente educacional onde possa aprender a observar as próprias
escolhas de forma consciente é um dos objetivos da educação na
perspectiva existencialista.
- Fundamentação filosófica:
Sarte,
precursor do existencialismo francês, dizia que o humano (ente
finito) não possuía uma essência, mas que essa essência era na
verdade construída no decorrer da vida da pessoa, ou seja, o homem
constrói sua própria identidade, e isso se daria de forma livre (“o
homem está condenado a liberdade”), embora, o ambiente cultural e
o medo possam inibir a expressão da liberdade, ainda assim isso
seria uma escolha do sujeito.
Não há verdades metafísicas imutáveis,
pois, tudo se dá na existência de forma espontânea e está a ser
moldado continuamente por nossa compreensão das coisas.
Para Martin
Heidegger (fenomenólogo, também considerado existencialista por
alguns autores...) o homem é “um ser no mundo” e a compreensão
da essência da realidade (do SER) só pode ser realizada pelo
próprio homem que é o único ser conhecido que possui uma
consciência para si, que pensa a si mesmo. O humano vive com base em
projetos de vida, traçando planos para o futuro (que só existe em
potência) e atualizando constantemente sua memória do passado no
presente, sendo que a morte é a última fronteira para seus projetos
de futuro, um ponto determinante para a busca de sentido de sua
existência.
segunda-feira, 14 de julho de 2014
AULA TEMÁTICA : BIOÉTICA
AULA TEMÁTICA : BIOÉTICA (PIBID-FILOSOFIA-CILON)
com a turma 208 dia 11/07/2014
apresentar o que é a "bioética" e a perspectiva de Peter Singer frente aos "direitos dos animais".Compreender o que é bioética e desenvolver crítica filosófica sobre a relação "antiética" do homem para com as demais espécies.
trailler do documentário "Terráqueos"
Grupo PIBID-FILOSOFIA-CILON
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
PIBID/ FILOSOFIA LICENCIATURA PLENA
E.E.E.M. Cilon Rosa.
Professor Supervisor:
Paulo Vinícius.
Acadêmicos bolsistas :
- Assis Henrique
-Clláudia Ferraz
-Patrícia Felden
-Jéssica Coimbra
-Tereza D. Silveira
PIBID/ FILOSOFIA LICENCIATURA PLENA
E.E.E.M. Cilon Rosa.
Professor Supervisor:
Paulo Vinícius.
Acadêmicos bolsistas :
- Assis Henrique
-Clláudia Ferraz
-Patrícia Felden
-Jéssica Coimbra
-Tereza D. Silveira
CICLO DE CINEMA E DEBATES DE FILOSOFIA DO CILON ROSA (PIBID-UFSM)
CICLO DE CINEMA E DEBATES DE FILOSOFIA do CILON ( PIBID-UFSM )
Tem como objetivo estabelecer um diálogo entre filosofia e arte (nesse caso cinema), trazendo para os alunos do colégio Cilon Rosa a oportunidade de entrarem em contato com abordagens filosóficas sobre os temas apresentados nos filmes. Em todos os encontros, após a apresentação dos filmes, serão realizados debates, supervisionados pelos acadêmicos de filosofia da UFSM (vinculados ao PIBID) e pelo professor de filosofia responsável pelo programa na escola ; esses debates serão antecedidos de mini – palestras (onde serão lembrados clássicos da filosofia), para estimular a interpretação filosófica, por parte dos alunos que participarem dos encontros, sobre os temas escolhidos.
1° Encontro 09/07 :
Filme “Neds” ( “Jovens Deliquentes”) :
Temas:
violência; educação; cultura e comportamento; “natureza humana”; ética; Estado e repressão; ideologia; luta de classes; teoria do conhecimento.
Filósofos e teorias filosóficas abordadas :
-“contratualismo clássico”;
-J.Locke e a noção de “tábula rasa”;
-J.J. Rousseau e “a origem da desigualdade entre os homens”, crítica à propriedade privada , “a bondade humana em estado de natureza” ;
-T.Hobbes e o Estado que pune e mantém a ordem social;
- Foucault e o poder disseminado na sociedade, a “educação como braço repressor do Estado.
-Karl Marx e F. Engels e a luta de classes na sociedade capitalista.
sinopse :
"1973. Glasgow, Escócia. No limiar da adolescência, John McGill (Conor McCarron) está prestes a iniciar o ensino secundário. Apesar da sua inteligência fora do comum, as probabilidades de progredir na vida estão contra ele: oriundo de uma família disfuncional e pobre, com um pai alcoólico e violento e um irmão constantemente a infringir a lei, o futuro não parece ter muito a oferecer. Assim, com as circunstâncias contra si, John vai fazer um longo percurso que o levará por estradas tortuosas que quase o levarão à perdição."
Com argumento e realização de Peter Mullan ("Órfãos" e "As Irmãs de Maria Madalena"), um filme dramático sobre as dificuldades por que passaram os jovens oriundos das classes trabalhadoras escocesa daquela geração. "Jovens Delinquentes" foi o filme vencedor da Concha de Ouro no Festival de San Sebastián de 2010. "
domingo, 6 de julho de 2014
logos e mito
Logos e Mito
-Essas são palavras de origem grega usadas para caracterizar dois tipos diferentes de discurso sobre a realidade ou duas visões diversas de mundo. Podem ser traduzidas como discurso-palavra, porém, cada uma se refere a um tipo diferente de discurso.
(discurso: modo de expressar um pensamento ou visão de mundo, através da linguagem oral,visual, gestual ou escrita e que pode ser diferente de acordo com a intenção a qual carrega, conteúdo ou forma de expressão usada...)
Logos:
Palavra criada pelo filósofo pré-socrático Heráclito de Éfeso (535 a.C. - 475 a.C) , para designar a “razão universal que governa o mundo” ou a lei dialética que mantém o movimento da natureza.
Dialética, para Heráclito, era a relação entre opostos : tudo e nada; guerra x paz; alegria x tristeza ; vida x morte.... Para Heráclito o universo -natureza estava em constante movimento (panta rhei: tudo flui) , esse movimento era mantido pelo Logos. Para o humano compreender a verdade sobre a natureza e sobre si mesmo (lembrando que para os gregos o homem estava integrado à natureza) deveria buscar acompanhar ou se aproximar do movimento do Logos, mantendo um pensamento constante sobre as coisas. A filosofia , nessa perspectiva, seria uma atividade de reflexão permanente, sempre em busca da compreensão sobre a realidade mutável (em devir = mudança) .
-Logos (de onde deriva a palavra lógica), também, é o discurso racional, que pode ser traduzido simplesmente por “razão”. É o discurso próprio da Filosofia e das disciplinas científicas que dela se originaram; é a fundamentação da visão filosófica e científica de mundo. Não há filosofia ou ciência possível sem racionalidade.
-A verdade na perspectiva do Logos é uma verdade construída seguindo critérios racionais, coerência lógica fundamentada em evidências empíricas (empírico é aquilo que posso perceber com meus sentidos; palpável; físico...). A verdade é uma correspondência entre o que penso e o que minha mente percebe do mundo por intermédio dos sentidos, sendo que meu pensamento deve ser bem construído e coerente, sustentado por hipóteses e ou conceitos bem delimitados e claros.
-O conhecimento construído dentro dessa visão de mundo filosófica e científica, é constantemente construído e remodelado. As teorias* (visões) filosóficas e científicas podem ser desconstruídas e rearquitetadas sob as diretrizes da razão.
Quando novas informações, descobertas ou dados, demonstram que a teoria está incorreta ou que não é mais o suficiente para explicar o que pretende, ela deve ser corrigida ou descartada, o mesmo deve acontecer caso for demonstrado que a teoria está assentada sobre argumentos falhos , falsos ou incorretos. (*uma teoria é uma visão racional sobre algum aspecto da realidade. As teorias orientam a pesquisa filosófica e científica)
Mito:
- O mito é o discurso próprio das religiões e ou visões mitológicas sobre a realidade, também, usado nas histórias poéticas de cunho didático.
- É um tipo de discurso que recorre a recursos poéticos, metáforas, fantasia e imaginação.
-Pode ser qualificado em dois tipos : mito religioso-sagrado (que fundamenta as religiões e tem a pretensão de verdade.Exemplo: “Jeová criou o mundo em seis dias e no sétimo descansou...”) e mito didático-pedagógico ( alegorias, parábolas, usadas com a finalidade de educar, ensinar lições de moral, expressar pensamentos e ideias com o auxílio de recursos poéticos, apelando para a imaginação. Exemplo: a “Alegoria da Caverna” de Platão ou “Mito da Caverna”; histórias infantis usadas para ensinar valores morais às crianças; fábulas clássicas...)
-Para o mito religioso-sagrado a verdade é revelada pela divindade ou por uma força sobrenatural por intermédio de alguma pessoa escolhida dotada de poderes ou dons especiais . Exemplos: entre os espíritas são os médiuns que recebem as mensagens dos espíritos e as comunicam às pessoas “comuns”; entre algumas tribos indígenas xamânicas são os pajés ou xamãs que se comunicam com os deuses ou forças da natureza ; entre os cristãos e judeus, foram os profetas que receberam de Jeová-deus a mensagem sagrada para escreverem os textos bíblicos e hoje os pastores ou padres representam um “canal intermediário” entre os homens e Deus ou seu filho Jesus (que dependendo da vertente cristã é o próprio deus que se fez homem, foi crucificado e ressuscitou para salvar a humanidade etc..); nas religiões antigas politeístas, eram sacerdotes ou pitonisas (sacerdotisas ) que nos templos recebiam as mensagens dos deuses
- A verdade para a visão religiosa assentada no mito, depende de fé, crença e não necessita de justificativa racional. A verdade está assentada em dogmas que fundamentam as doutrinas religiosas e que não podem ser questionados pelo crente.
- A verdade para o mito religioso não muda, no entanto a forma obscura em que o discurso mítico geralmente se apresenta, dadas as metáforas e recursos poéticos, podem gerar muitas vezes a possibilidade de variadas interpretações sobre uma mesma “história” (ou nesse caso, dependendo da perspectiva, estória).
-Os mitos e religiões podem ser boas fontes para a compreensão da visão de mundo ou de culturas do passado e da atualidade, sendo um material rico para pesquisas na área da história, antropologia e filosofia da religião, por exemplo...
Realidade : tudo o que existe e envolve a mente humana, incluindo a própria mente humana. A realidade está aí para ser interpretada e compreendida pela filosofia e pelas ciências , na tentativa de vencer as barreiras das limitações sensoriais , cognitivas e subjetivas, impostas à nossa qualidade de ente consciente. A Filosofia pretende compreender racionalmente a realidade em sua totalidade , as ciências derivadas da filosofia buscam compreender aspectos da realidade de acordo com métodos racionais direcionados à pesquisa dos objetos de estudo que as definem (cada ciência particular tem um objeto de estudo específico que representa uma “área” uma zona delimitada da realidade ).
_____________
A liberdade...
"Sou
um amante fanático da liberdade, considerando-a como o único espaço
onde podem crescer e desenvolver-se a inteligência, a dignidade e a
felicidade dos homens; não esta liberdade formal, outorgada e
regulamentada pelo Estado, mentira eterna que, em realidade, representa
apenas o privilégio de alguns, apoiada na escravidão de todos; (...) só
aceito uma única liberdade que possa ser realmente digna deste nome, a
liberdade que consiste no pleno desenvolvimento de todas as
potencialidades materiais, intelectuais e morais que se encontrem em
estado latente em cada um (...)."
Mikhail Alexandrovich Bakunin
Mikhail Alexandrovich Bakunin
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